O que falar para as crianças?

Cresci ouvindo que em um jogo de futebol, só se declara a vitória quando o arbitro dá o apito final. Cresci com a inocência de uma menina que acreditava que, mesmo com a compra e venda de jogadores, aqueles, uma vez contratados honrariam o time que estivesse jogando. Afinal, não veio daí a expressão usada no meio coorporativo, de engravatados, o tal de “vestir a camisa”?

Futebol, até onde eu me lembre, se ganhava no campo. Na raça. Na disputa de bola, no corpo a corpo. Futebol virou uma coisa feia. Vergonhosa.

Hoje, 04-12-2011, meu time não foi rebaixado, não subiu de categoria, não se classificou pra nenhuma competição importante, mas fez pior: vendeu o jogo pro seu arquirival.

Num dos maiores clássicos do país, meu time, o Clube Atlético Mineiro, foi à campo para cumprir tabela, para receber uma bolada e para permitir uma humilhação. 6×1 o placar, que para mim, pouco importa. Minha discrença para com o futebol, ou melhor, para com os engravatados do futebol, já tirou minha inocência desde de o momento que foi declarado que o clássico final seria praticamente decisivo para a permanência do Cruzeiro na primeira divisão. Avisei a todos no escritório onde trabalho: Não adianta. O Galo vai deixar o Cruzeiro ganhar.

Dito e feito. O que vi foi além da apatia de um time despreparado. Foi uma vergonhosa atuação de jogadores que não gostam de ser associados à adjetivos como mercenários, mas que se comportam como tal. Foi uma vergonhosa atuação onde boatos de reuniões de dirigentes dos dois clubes e de bancos se reuniram na semana que precedeu à partida para acertar o futuro de ambos os times no próximo ano.

Como pode uma diretoria de um time, com uma torcida como a do Galo, tenha sido cúmplice, aceitado, permitido e ajudado uma situação dessas? Como pode jogadores que são ovacionados, idolatrados, santificados e tornados heróis por essa mesma torcida terem sido coniventes com a atitude do Excelentíssimo Sr. Presidente Alexandre Kalil?

Não sou torcedora de jogadores, muito menos de engravatados. Torço para o Clube Atlético Mineiro, e acima de tudo, acredito que neste meio há pessoas que ainda tem aquela mesma inocência que eu tive quando comecei a acompanhar o esporte. Creio que meu manifesto servirá para diversas outras partidas, não só que aconteceram hoje, mas que acontecerão por um longo futuro.

E agora? O que dizer para a criança que vai ao estádio, e ve seu time do coração levar 4 no primeiro tempo? “Não se preocupe, já estava tudo acertado”, ao invés daquela velha e quase esquecida história que o jogo só termina com o apito final?

3 pensamentos sobre “O que falar para as crianças?

  1. Mano, acho que o futebol é o esporte que sempre mais ofereceu o bullying como sofrimento e/ou prazer para o ser humano.
    E tem gente que mata por isso.
    E que não tem idéia do poder que os engravatados têm sobre os campeonatos.

    Por isso nem acompanho 😦
    Já vi meu irmão sofrendo tanto tadinho, ele é corintiano.

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