Figurões – Jimmy Savile

De uma maneira bizarra e sem que haja uma explicação plausível para o ocorrido Jimmy Savile foi se transformou em um pop star britânico. O cara com aspecto que me faz lembrar o professor pardal, um cientista maluco, era idolatrado por onde passava.

Era o host de um programa de televisão da BBC com as 40 músicas mais tocadas no pais (top 40 chart mas além do sucesso com a rapeize ele também era bastante popular entre as crianças.

Viciada em Louis Theroux como sou, acabei só sabendo da existência deste homem esquisito em um dos episódios do programa Weird Weekends quando o apresentador visitou a tão enigmática figura de Jimmy Savile. O episódio em si já é estranho por si só, mostra um velho senhor, com idade avançada e saúde deixando por desejar entregue a um mundo bizarro e ilógico. Vivia de uma ilusão de fama e misturada à solidão. Enfim, não me concedi a oportunidade de entender como um homem daquele poderia ser tão popular.

Alguns meses depois li (RIP old THE SUN) que ele havia falecido. Não demorou muito e vieram enxurradas de alegações que ele, Jimmy Savile, no alto de seu sucesso (década de 90) havia molestado crianças e adolescentes. Sujo e imundo por si só, o caso se torna mais bizarro quando às alegações é acrescido o detalhe que a maior parte dos abusos aconteceram nas propriedades da estatal BBC, e para piorar, era acobertado pela alta cúpula da emissora.

Foram dezenas de vítimas que denunciaram os casos de abuso após a morte do indivíduo. Algumas dizem que houve tentativa de denúncia anterior mas ou não foram levadas a sério ou as culpavam ou até mesmo ouviam que a “genialidade” do Savile vinha com um lado bizarro.

Após sua morte os casos vieram à tona. As vítimas processam a BBC e algumas entraram com pedido de indenização em cima do patrimônio deixado pelo artista.

20131028-082949.jpg

The Color Run – Belo Horizonte

Hoje pela manhã fui a The Color Run, aqui em BH. Havia lido vários depoimentos sobre a corrida em outros blogs e, honestamente, estava um pouco decepcionada.

O ponto de entrega dos kits foi na região da Pampulha, e para mim, que moro do outro lado da cidade, e com todas as obras na região virou uma via crucis a ida lá. A entrega do kit foi mais uma jogada de marketing de um dos patrocinadores. No dia estavam lançando um empreendimento, e os corretores praticamente pulavam em cima daqueles que apenas foram lá para buscar os kits. No site, haviam informações no site que o kit não seria entregue na data do evento.

O kit contem a blusa, o número do corredor, o pó (tinta), e um voucher para retirar gatorade e uma barrinha de cereal. Para as meninas, as blusas são masculinas, então, se você escolher a M o tamanho será o M masculino.

A corrida ocorreu em frente a um shopping, e o estacionamento fora aberto mais cedo (ao custo de R$6,80 por quatro horas) para que quem fosse ao evento pudesse parar lá.

Ao contrario do que informaram, os kits foram sim entregues no dia do evento (se eu soubesse, teria evitado toda aquela viagem), havia guarda volumes com a sistemática que eu não concordo de apenas anotar na sacola plástica o número do participante.

Havia lido por aí que durante o percurso o pó da tinta não foi suficiente. O que eu vi foi exatamente o contrário. Todas as estações de cores pelas quais passei jogaram muito pó. A largada foi divida em pelotões, dando oportunidade de todos de se sujar.

O evento foi bem organizado, e definitivamente, participarei em outros anos. Infelizmente o trajeto foi feito a beira do Ribeirão Arrudas e não e a vista e o cheio mais agradável da cidade, mas foi bom variar e não ter evento na região da Pampulha.

Sobre a tinta em pó: o pó na verdade é amido de milho. Não faz mal, mas se entrar na sua boca, garanto que precisará de bastante água para aliviar a secura. Quanto mais molhada sua camisa estiver, mais sujo você vai sair, pois o pó vai grudar mais. As camisas mais coloridas estavam molhadas e ficaram lindas.

Guarde o pacote de tinta para o final. É bem divertido fazer a nuvem de cores do final, mas, mais divertido e a brincadeira com os amigos.

Meninas, se vocês não querem sujar o cabelo, NAO vão! Serio! Tinha um tanto de gente com touca de banho! Para ne!? Nada como um bom banho com água e sabão para tirar toda a coloração esquisita que você fica.

Leve uma toalha para cobrir o banco do carro e não se esqueça de proteger o cinto de segurança!
Quem quiser levar celular, achei tranquilo, fiquei com o meu o tempo todo, e na hora das nuvens de cor do final o usei para tirar fotos. Em casa limpei a lente das cameras, delicadamente, com um cotonete.

No final das contas, foi sensacional! Estou louca para ir novamente.

20130901-213035.jpg

20130901-213100.jpg

20130901-213109.jpg

20130901-213127.jpg

Isso é Galo. Sofrimento!

Para alegria de uns, e tristeza de muitos outros, o jogo de ontem não foi como eu esperava.

Para variar o Galo teve um rendimento em campo bem inferior ao apresentado em partidas do início da competição e em casa. Alecsando não precisava ter ficado na frente do Victor. Aquele segundo gol, com um gosto amarguíssimo, poderia ter sido evitado.

Alecsando alegou que não fez nada mais do que o Cuca não teria pedido.

Ok, sei que você quer se tornar titular absoluto, Alecsandro, mas se o Cuca te mandar pular de um prédio você pula? Não percebeu que estava na frente do Victor, que por razões óbvias e também regulamentares, teria muito mais chances de pegar aquela bola do que você? Lembra que ele, o goleiro, arqueiro, keeper, gollie, pode usar as mãos para segurar a bola? E por uma obra do acaso, também tem nos pés, um membro inferior divino que já nos salvou em outra oportunidade?

Ah Alecsandro. Não te culpo pela derrota, mas sim por aquele gol.

Semana que vem tem volta. Acredito que jogaremos melhor pois a massa estará nas arquibancadas para empurrar o time.

Parte 1 – O primeiro jogo

Acordei com uma mensagem no grupo do whatsapp “Bom dia pra você que vai ficar com nó na garganta, arritmia cardíaca e estomago fragilizado o dia todo”. Apesar da minha resposta foi crucificando o sem mãe que às 5:50 da manhã mandava aquela mensagem e me fez acordar 20 minutos antes do meu relógio despertar, sabia que meu amigo não poderia estar mais certo.

Quem que consegue sentar à frente do computador, no dia de hoje, sem verificar, a cada 10 minutos, as notícias do Galo em todos os portais de notícias do país.

Apesar da torcida contra de vários cruzeirenses, a maioria das pessoas que conversam acreditam na vitória do galo. Alguns não explicitam dessa maneira, mas reclamam, antecipadamente, do foguetório até altas horas da noite.

Ontem saiu a definição sobre o estádio da finalíssima. A Conmenbol anunciou que a final não poderia ser no Independência pois, pelo regulamento, o estádio deveria ter no mínimo 40.000 lugares. Questionados a respeito da capacidade do Defensores del Chaco, a entidade informou que a capacidade do estádio dos rivais do Galo preenchiam o requisito do regulamento, conforme laudo apresentado a eles. Segundo o laudo, a capacidade do Estádio paraguaio seria de pouco mais de 40 mil lugares, o número inferior de bilhetes à venda para as partidas seria por questão de segurança e conforto. Argumento questionável, mas não acredito que exista instância superior para se recorrer da decisão. A final será mesmo no Mineirão.

Temo pelo valor dos ingressos. Há boatos que o mais barato será R$150,00. Acho caríssimo. Podem falar que é final de Libertadores, que é assim mesmo. Ok. Não discordo que os clubes tem uma ótima chance de arrecadar com esses eventos (dizem que o Galo pode ter uma renda de cerca de R$8.000.000,00 – oito milhões de reais), mas que o ingresso é caro, isso é.

Hoje será uma das noites mais longas da minha vida. O relógio parece andar para trás, e as horas não avançam. Unhas pra que? A maioria delas já estão roídas, as poucas que restam intactas sabem o seu futuro fatídico.

Vamos Galo!

EU ACREDITO!

Respiro aliviada, enfim.

Entendo que tenho falado um bocado de futebol. Mas como ignorar? Nos meus 27 anos nunca fui correspondida da forma que, hoje, meu Galo, me corresponde. É aquele sentimento de que o grande amor de sua vida finalmente lhe dá o devido valor, e você, orgulhosa, quer sair por aí, mostrando para todos, que ele te ama, que te quer bem, ainda que tenha minhas dúvidas sobre o querer bem do meu Galo. 

Tinha tudo para ser o maior espetáculo do futebol na atualidade. A torcida acabou com o estoque de máscaras do pânico na cidade, os ingressos, esgotados há tempos, eram revendidos a preços de rim. Os bares da cidade cheios, as casas dos amigos preparadas para o espetáculo que era anunciado. 

Eu, na minha ignorância, apostaria em um placar de 3 a 0 para o Galo. Santa ignorância. Jogo truncado, meu time não apresentou, nem de longe, o futebol gostoso de se assistir. Ê Galo!

Ê Galo! Desconfio que o presidente Alexandre Kalil tenha um pacto com a Associação Mineira de Cardiologia. Só pode. Não há explicação para as coisas que o atleticano passa. Pênalti aos 48 do segundo tempo. Se houvesse a conversão daquele pênalti, não iríamos à semi final. Ê Galo! O estádio Independência, sempre tão barulhento, um caldeirão, ficara calado. Lágrimas escorriam no rosto de milhares. Ê Galo! 

Ê Galo! Riascos poderia ter acabado com a alegria (e invencibilidade dentro de casa) de milhares. Poderia se ouvir uma moscar naquele estádio. Fechei meus olhos e escuto o nome Victor ser gritado pelo narrador. Ele pegou.

Ê Galo! Nem nos meus sonhos mais perfeitos poderia ter sonhado com aquele final. Não. Nem em sonho. Coração calejado é assim. 

Roberto Drummond, em sua vasta sabedoria, em um dos seus textos mais conhecidos pelos atleticanos, disse “se houver uma camisa preta e branca pendurada no varal durante uma tempestade,o atleticano torce contra o vento”. Mas não agora. Agora o vento sopra a favor, impulsiona, nos dá gás.

Agora, respiro aliviada. Meu coração, alvinegro e calejada, como todo coração deve ser, já voltou a bater. 

 

In hortus incidit, mortus est

Domingo, dia das mães, acordo e ando pela casa. Dormi tarde na noite anterior, o que não fez com que acordasse cedo. Procurei, em vão, pela minha mãe. Nada. Lembrei-me que ela viajara no dia anterior. Dia das mães, sem mãe. Não haveria muito que fazer, restaurantes abarrotados de mães e sua prole, supermercados com filas intermináveis com pessoas comprando alguma “coisinha pra levar pro almoço de família”. Pouquíssimas opções restariam para aquele dia fadado ao tédio.

Dei uma corridinha (4 km só pra queimar a única caneca de cerveja consumida na noite anterior), e levei o carro para lavar. Não sei qual é o caso de carro sujo e mulher. Por mais que eu entenda, saiba e veja a necessidade de lavar o carro, passo semanas (ou meses) sem que o pobre coitado não veja um sabãozinho. Tive que esperar bons minutos na fila do posto de gasolina. Via algumas motoristas desistirem da lavagem mesmo depois de 20 minutos na fila. Permaneci forte. Afinal, teria que matar o tempo daquele domingo.

Carro limpo e aspirado (trabalho exclusivo meu), estava pronta para pensar no almoço. A caminho do supermercado, de supetão, me vi pegar o celular e ligar para um amigo:

– Jonas, tem Galo na Veia (sócio torcedor do galo) ainda?

– Tem sim.

– Segura ai, que é meu!

Pronto. A decisão que mudaria a cara do meu domingo.

 Quem nunca esteve em um estádio de futebol, jamais saberá mensurar os sentimentos que descreverei abaixo.

O Independência, a casa do Galo, foi projetado de uma forma que te coloca quase dentro de campo. O barulho que vem das arquibancadas é ensurdecedor, apesar da existência de assentos numerados, ninguém os utiliza, a não ser como forma de localização “oh fulano, estou no W98”.

Antes do início da partida, os jogadores entraram com uma convidada especial. Como era dia das mães, várias mães presentes percorreram o caminho do vestiário ao centro do campo. Em especial a Dona Miguelina, mãe de Ronaldinho Gaucho. Lágrimas desciam dos olhos de vários torcedores, principalmente das torcedores… “ahhhh, é Miguelina”!

Imagem

Ao meu lado, de pé, como todos, um senhor dos cabelos brancos e olhos azuis bradava gritos mais contidos, sem muitos palavrões. Comentava comigo que ele, se jogador fosse, não perderia os gols que foram desperdiçados. Começamos a contabilizar, da nossa maneira, o placar moral do jogo.

Pênaltis não marcados pelo juiz: 2

Lances de perigo e gol eminentes: 3

Gols feitos: 3

Placar moral: 8

Durante todo o jogo, o ditado, entoado em forma de hino, se fazia valer: “Caiuuuuu.. no horto, tá morto! Caiu… no horto, tá morto”. Jogadores tinham seus nomes gritados, até o técnico Cuca.

Ao marcar de um gol, o estádio explodia de gritos, pulos, abraços, apertos de mão. Como uma família, todos ao seu redor se cumprimentam e comemoram. O senhor, de cabelos brancos, só faltou me jogar para cima. No pular dos torcedores, uma onda se formou, não dá para ficar parado. Lembra das aulas de física no colégio, que o professor pega uma corda, a amarra em uma extremidade e na outra faz movimentos? Os braços ao redor de meu pescoço e cintura determinam o movimento do corpo: para cima e para baixo. Um pouco para frente, esbarra no encosto da cadeira da frente, volta, esbarra na cadeira, que seria a sua, e volta para frente. Tudo isso mantendo o movimento: pulando… para cima, para baixo.

A onda, quase uniforme, me causou estragos…

Às vezes, me perdia no jogo, ao reparar a torcida. Cantavam e pulavam. Faziam movimentos que, à distância, me lembravam de uma onda do mar. Os movimentos pareciam ensaiados. Não havia erros naquela coreografia.

3 gols.

O som do apito, antes tão esperado a fim de cessar com o sofrimento, com a angústia de um placar pífio e de um jogo perigoso para nós, agora só nos faz entristecer. Não ao ponto de gerar tristeza. Apenas diminui nossa alegria de ver aquele jogo. Jogo não! Espetáculo. O som do apito do árbitro, ao final de uma partida, me traz a mesma sensação de ouvir o cantor da minha banda favorita informar que será tocada a última música. Por mim, o jogo só terminaria quando não houvesse mais energia para se jogar. Ou pular e gritar.

Voltei para casa de alma lavada. Ficar em casa naquele domingo faria com meu coração pulasse para fora do peito até o jogo acabar.

Bora galo! Domingo que vem, se conseguir ingresso, estaremos lá.

Percepções

Me deparei com um post de um francês morando, olhe só, em BH, onde ele listou peculiaridades do Brasil. Amei a ideia e decidi fazer a minha lista de peculiaridades da Inglaterra.

01 – Ingleses não são pontuais. Nem os ingleses, nem os trens ingleses. É capaz do trem passar adiantado, e você não estar na estação a tempo de pegar o trem adiantado. Ingleses atrasam, menos que nós, brasileiros, mas se atrasam.

02 – Almoço é lanche da tarde, e jantar é almoço. No almoço se come sanduíche e suco, e no jantar um banquete.

03 – Ingleses amam batata. Batata frita, batata assada, batata amassada, batata cozida. Não se passa um dia sem comer batatas naquele país.

04 – Ingleses são educados e pedem desculpas até quando são as vítimas. Você esbarra com o carrinho de compras no calcanhar de um inglês, e ele virará para você e dirá “sorry”, “pardon me”.

05 – Ingleses não se consideram europeus. Questionados quantos continentes existem no mundo, eles sempre incluem a Grã-Bretanha como um continente diferente da Europa. E não adianta alegar que os anéis olímpicos são cinco, um pra cada continente (Europa, Américas, Ásia, África e Oceania), eles arrumaram uma desculpinha falando que a Grã-Bretanha é sim, outro continente.

06 – Ingleses tem dentes bonitos sim. É a maior lenda que os dentes dos ingleses são feios. Dentes feios tem em tudo que é lugar.

07 – Ingleses tem um senso de humor peculiar. Um dos programas mais assistidos na Inglaterra, Little Britain tem um personagem super famoso que é nada mais, nada menos que uma pessoa obesa, nua. E não há nada de ofensivo nisso.

08 – Se você está acostumado que chips é aquele da Elma Chips, vai estranhar quando o atendente te entregar batatas fritas. Quer chips, pede crisps.

09 – Quando estiver num bar com os amigos, prepare-se para pagar “rounds”. Não importa se a sua turma de amigos é de 20 pessoas, uma hora você vai ter que pagar bebida pra todo mundo. Talvez seja por isso que se bebe tanto. Depois de pagar uma round, você não deixa de beber nas rounds dos amigos.

10 – Sair para beber significa só beber. Raramente se come durante a saída. Não existe petisco, comida de buteco, nem tira-gosto.

11 – Existe uma novela, “Coronation Street”, que é transmitida desde os anos 60. Vários personagens já morreram na trama, e voltaram décadas depois como outro personagem.

12 – Não existe carteira de identidade na Inglaterra. A maioria das pessoas tem carteira de motorista, ou andam com o passaporte. Mesmo que nunca tenham saído da ilha.

13 – Ingleses tem um dom de passar todo um carrinho pelo caixa, empacotar, pagar, recolher o troco em tempo recorde! E se você demorar, a pessoa de trás na fila vai te fuzilar com o olhar.

14 – Num trem, ou ônibus lotado, mesmo sendo considerados os mais educados do mundo, nenhum inglês irá te oferecer o lugar, ou oferecer para segurar sua bolsa. Vai que é uma bomba!

15 – Ingleses são neuróticos com ataques terroristas. Matam para não morrer. Dizem que o fato de ficarem localizados numa ilha os fragiliza…

16 – Quer uma conversa inflamada e interminável com um inglês? Discuta sobre quão errados estavam os policiais que mataram Jean Charles.

17 – Comida tradicional inglesa leva curry. E batatas.

18 – Inglesas, além de usar muita maquiagem, a qualquer hora do dia e da noite, se vestem muito iguais. As lojas “instant fashion” estão presentes até nas cidadezinhas menores, facilitando a uniformização das moçoilas.

19 – Ingleses foram os percussores do funk sem fone. Os chavs já ouvem rap (americano) sem fones há anos!

20 – Não caia na bobagem de comprar mil eletrônicos na Inglaterra. Nada com relação a preços, mas a tomada de lá é tão estranha, que um adaptador bom, e que dure, no Brasil, vai te custar uns bons R$20,00.

21 – A palavra brazilian está bem ligada a tratamentos de beleza: brazilian blow dry, brazilian wax, brazilian nails. Quase nunca a pessoa que aplicar os tratamentos será brasileira, o que me faz desconfiar muito da qualidade do serviço.

22 – Se você falar que aprendeu o inglês americano, será criticado, e devidamente informado que a língua inglesa veio da Inglaterra, e que por isso, o inglês correto é o deles.

Meu coração é alvinegro

Há alguns anos, estava no metro de Londres, vestindo a camisa do Galo, num dia de futebol pelo campeonato inglês. Amo futebol, mas jamais saberia o calendário dos jogos do campeonato, até porque só torço para um time, e ele não joga na Inglaterra.

O jogo em questão era West Ham x New Castle.

Nem me importei quando dezenas de homens hooligans lindos, bradando cânticos futebolísticos, com aqueles vozeirões entraram no trem… Senti um homem tocar meu ombro, e ouvi o gratíssimo torcedor do West Ham ordenar que tirasse minha blusa.

“Você ta maluco?”, o questionei. Ele insistiu na remoção da camisa, falando que naquele vagão não aceitaria torcedor do New Castle. Insisti que não era torcedora daquele time, e sim do Galo. Apontei pro símbolo bordado na camisa, e para as bandeiras de Minas e do Brasil na lateral. O lindo brutamontes engoliu a seco o próximo pedido de ordem de remoção da camisa, olhou para a camisa e passo a perguntar sobre o futebol no Brasil.

História à parte, amanhã o Galo completa 105 anos. 105 anos de um time que aglomera apaixonados, fanáticos, que torcem contra o vento, e enfrentam sol e chuva pra ver o time jogar.

Pra fechar meu pequeno relato, pra comemorar o aniversário do Galo, com um dos textos mais famosos que essa nação alvinegra conhece.

Se houver uma camisa preta e branca pendurada no varal durante uma tempestade,o atleticano torce contra o vento. Ah, o que é ser atleticano? É uma doença? Doidivana paixão? Uma religião pagã? Bênção dos céus? É a sorte grande? O primeiro e único mandamento do atleticano é ser fiel e amar o Galo sobre todas as coisas. Daí, que a bandeira atleticana cheira a tudo neste mundo.

Cheira ao suor da mulher amada.
Cheira a lágrimas.
Cheira a grito de gol
Cheira a dor.
Cheira a festa e a alegria.
Cheira até mesmo perfume francês.
Só não cheira a naftalina, pois nunca conhece o fundo do baú, trêmula ao vento.

A gente muda de tudo na vida. Muda de cidade. Muda de roupa. Muda de partido político. Muda de religião. Muda de costumes. Até de amor a gente muda. A gente só não muda de time, quando ele é uma tatuagem com a iniciais C.A.M., gravada no coração.É um amor cego e têm a cegueira da paixão.

Já vi o atleticano agir diante do clube amado com o desespero e a fúria dos apaixonados. Já vi atleticano rasgar a carteira de sócio do clube e jurar: Nunca mais torço pelo Galo. Já vi atleticano falar assim, mas, logo em seguida, eu o vi catar os pedaços da carteira rasgada e colar, como os amantes fazer com o retrato da amada.

Que mistério tem o Atlético que, às vezes, parece que ele é gente? Que a gente associa às pessoas da família (pai, mãe, irmão, tio, prima)? Que a gente o confunde com a alegria que vem da mulher amada?
Que mistério tem o Atlético que a gente confunde com uma religião?
Que a gente sente vontade de rezar “Ave Atlético, cheio de graça?”
Que a gente o invoca como só invoca um santo de fé? Que mistério tem o Atlético que, à simples presença de sua camisa branca e preta, um milagre se opera?Que tudo se transfigura num mar branco e preto?

Ser atleticano é um querer bem. É uma ideologia. Não me perguntem se eu sou de esquerda ou de direita. Acima de tudo, sou atleticano e, nesse amor, pertenço ao maior partido político que existe:
O Partido do Clube Atlético Mineiro, o PCAM, onde cabem homens, mulheres, jovens, crianças. Diante do Atlético todos são iguais: o bancário pode tanto quanto o banqueiro, o operário vale tanto quanto o industrial. Toda manhã, quando acordo, eu rezo: Obrigado, Senhor, por me ter dado a sorte de torcer pelo Atlético.

Roberto Drummond

20130324-224022.jpg

Nao tá tao ruim

Há muito tempo eu não me sinto tao bem. Os acontecimentos e reviravoltas dos últimos meses me tiraram da trilha, me mandando sem dó pro acostamento. Demorei a conseguir tomar a direção, e voltar a pista. Já na pista, precisei de um momento para dar aquela respirada e fazer o coração parar de pulsar tao rápido e desesperado.

Agora, com o coração calmo, com as mãos no volante, o pé firme no acelerador, e tentando lembrar das primeiras aulas de direção  quando meu instrutor, Gracimar, me mandava fazer a dança do pescoço, e olhar freneticamente os espelhos retrovisores, começo a avançar no caminho.

Óbvio que a lembrança do acostamento, e do motivo que me fez parar lá ainda me assombra, mas ai olho nos retrovisores, aumento o som, coloco na música Jump in the pool de Friendly Fires (apesar de preferir a versão de Lenka), e sigo. Pelo menos por mais alguns momentos, eu to livre daquele assombro.

A cada parada, seja por motivos de falta de combustível, por uma placa de pare, um sinal vermelho, confiro os espelhos, e freio, delicadamente, evitando trancos. Trancos podem machucar e causar acidentes. As vezes, quando com carro parado, olho pros lados, pra ver se te alguém interessante. Pessoas interessantes aparecem nos momentos mais inesperados. Quem nunca paquerou (ainda se fala isso?) no transito? Ou na fila do Mc Donald’s?

Sei que o acostamento faz parte de qualquer pessoa que se arrisque nessa estrada do amor, e apesar do arranhão na lateral, e uma pequena empenada na roda dianteira esquerda, bastou dar uma arrumadinha, deixando na oficina por alguns dias (talvez semanas… meses – tudo depende do estrago e da falta de peças), e você estará pronto para pegar a estrada novamente.

E é nela que eu me encontro. Já prevejo uma blitz aqui ou ali. Um pneu furado. E muitas viagens (sua locaaaaaaa, você não tem juízo não? Vai arrumar viagens longas novamente?). Pelo menos dessa vez, as viagens podem ser de carro!

Com meu adesivo “dirigido por mim e guiado por Deus”, tento seguir. Mas agora, num momento feliz, contente, e me sentindo muito bem.